Sean "Diddy" Combs já cumpriu pena suficiente na prisão, diz defesa ao juiz

Os advogados do magnata da música Sean "Diddy" Combs pediram a um juiz federal de Nova York na segunda-feira que o sentenciasse no início do mês que vem a não mais que 14 meses de prisão por sua condenação por duas acusações relacionadas à prostituição , o que significa que ele seria libertado quase imediatamente se o juiz concordasse.

Os advogados apresentaram seus argumentos em uma petição escrita ao juiz Arun Subramanian, que já rejeitou uma proposta de fiança de US$ 50 milhões, sinalizando que não acredita que o artista vencedor do Grammy esteja perto de ser libertado.

"O status de celebridade do Sr. Combs nos campos da música, moda, bebidas alcoólicas, mídia e finanças foi abalado e o legado do Sr. Combs foi destruído", escreveram os advogados, dizendo que seu cliente já foi punido o suficiente.

O documento forneceu novas informações sobre como foi a vida atrás das grades por quase 13 meses para Combs, o que aconteceu com seus negócios e outros interesses e explica por que ele recusou uma oferta de acordo judicial dos promotores antes de seu julgamento.

Combs enfrenta uma sentença em 3 de outubro, após sua condenação em julho por um júri de Manhattan por duas acusações da Lei Mann, que proíbem o comércio interestadual relacionado à prostituição. Cada acusação acarreta uma pena máxima de 10 anos de prisão.

O fundador da Bad Boy Records foi inocentado de acusações mais sérias de conspiração para extorsão e tráfico sexual, que exigiriam um mínimo de 15 anos de prisão e a possibilidade de prisão perpétua.

Em sua petição, os advogados de Combs argumentaram que o júri enviou uma mensagem clara ao juiz ao exonerá-lo das acusações mais graves.

"Simplificando, o júri se pronunciou. Seu veredito representa uma 'indicação afirmativa de inocência'", disseram os advogados.

"Ele cumpriu mais de um ano em uma das prisões mais notórias dos Estados Unidos, mas aproveitou ao máximo essa punição. É hora do Sr. Combs voltar para casa, para sua família, para que ele possa continuar seu tratamento e tentar aproveitar ao máximo o próximo capítulo de sua vida extraordinária", acrescentaram.

Os promotores, que apresentarão suas recomendações antes da sentença de 3 de outubro, já disseram que vão pedir que Combs permaneça preso por um período substancialmente maior do que os quatro a cinco anos que eles pensavam originalmente.

Os advogados de defesa, no entanto, escreveram em sua petição na segunda-feira que os promotores "perderam toda a perspectiva".

"A carreira e a reputação do Sr. Combs foram destruídas", escreveram. "Sua vida fora da prisão foi sistematicamente desmantelada."

Entre outras coisas, eles notaram que ele teve que demitir mais de 100 funcionários de seus negócios e muitos deles não conseguiram novos empregos por causa de sua associação anterior com Combs.

Seus sete filhos, disseram eles, enfrentaram "consequências devastadoras", incluindo oportunidades de negócios perdidas em atuação, televisão, moda e shows, com alguns deles sendo incluídos em alguns dos quase 100 processos civis movidos contra Combs desde sua prisão.

Os advogados também observaram que Combs e sua família iriam estrelar um programa do Hulu sobre suas vidas, mas o programa foi cancelado quando as acusações contra ele se tornaram públicas.

Combs foi removido dos conselhos de três escolas particulares que ele criou no Harlem, no Bronx e em Connecticut e perdeu seu título de doutor honorário da Universidade Howard, que planeja devolver suas doações anteriores, disseram eles.

Enquanto isso, a vida de Combs na prisão tem sido angustiante às vezes, mesmo que isso tenha permitido que ele ficasse sóbrio pela primeira vez em 25 anos, disseram seus advogados.

Em uma ocasião, outro detento abordou Combs com uma faca, acusando-o de sentar em uma cadeira na qual o detento queria sentar, antes que Combs acalmasse a situação e acalmasse o homem e sua arma improvisada, disseram os advogados.

Eles disseram que ele está sob constante vigilância para evitar suicídio, o que significa que a cada duas horas ele deve apresentar seu documento de identidade aos guardas para mostrar que está vivo e bem, e é acordado em uma cela bem iluminada por um guarda para garantir que esteja bem.

Ele também tem acesso limitado à água limpa, o que o obriga a aquecer a água que bebe para garantir que não fique doente, e deve dormir a menos de 60 centímetros de outros detentos em um dormitório com banheiro e sem porta, escreveram os advogados.

"O Sr. Combs não respira ar fresco há quase 13 meses, nem sente a luz do sol na pele, frequentemente mancando devido a uma dolorosa lesão no joelho que requer cirurgia", disseram. E a comida, acrescentaram, às vezes contém larvas.

Antes do julgamento, disseram os advogados, os promotores ofereceram a Combs um acordo judicial que recomendaria uma pena de prisão de pelo menos 25 anos e exigiria que ele se declarasse culpado de crimes dos quais foi absolvido.

Eles retrataram seu cliente como um homem mudado, que percebeu que seu uso excessivo de drogas, incluindo algumas prescritas por médicos, havia contribuído para atos violentos dos quais ele participava.

"Sem minimizar a conduta do Sr. Combs, esta é, em muitos aspectos, uma história de 'sexo, drogas e rock n' roll'", disseram. "O Sr. Combs tinha graves problemas de abuso de substâncias durante toda a conduta criminosa e levava um estilo de vida de celebridade de alta octanagem."

O julgamento do especialista em música contou com longos depoimentos de duas ex-namoradas de Combs, que disseram que se sentiram forçadas a participar de maratonas sexuais movidas a drogas com profissionais do sexo, enquanto Combs assistia e às vezes filmava os encontros que duravam dias.

A cantora de R&B Cassandra "Cassie" Ventura testemunhou que participou de centenas de encontros chamados de "freak-offs" enquanto era sua namorada mais frequente, de 2007 a 2018.

Outra ex-namorada, testemunhando sob o pseudônimo "Jane", disse que também se sentiu pressionada a ter relações sexuais com profissionais do sexo enquanto namorava Combs, de 2021 até sua prisão em um hotel de Nova York, um ano atrás.

Também houve muitos depoimentos durante o julgamento sobre Combs batendo em suas namoradas e usando violência e medos dela para controlar as pessoas ao seu redor.

Os advogados de defesa no julgamento admitiram que houve violência doméstica, mas disseram que as acusações feitas pelos promotores não foram comprovadas.

Embora ele tenha ficado tão deprimido na prisão que "havia dias em que não conseguia sair da cama ou mesmo falar com o departamento de psicologia", seus advogados disseram que ele está ansioso pelo futuro.

Eles disseram que ele começou a ensinar a outros presos habilidades essenciais em gestão empresarial, empreendedorismo e desenvolvimento pessoal.

Os advogados escreveram que o programa educacional se tornou "um dos empreendimentos mais impactantes e importantes de sua vida" e ele espera expandi-lo para instalações administradas pelo estado quando for libertado.

"Ele é um homem humilde que entende que as coisas mais importantes na vida são sua dedicação e tempo de qualidade com sua família e suas contribuições para o benefício dos outros", disseram eles.

O principal advogado de Combs, Marc Agnifilo, disse à CBS News em julho que não teve nenhuma conversa com o governo Trump sobre a busca de perdão para seu cliente depois que outra advogada de Combs, Nicole Westmoreland, disse à CNN que, segundo seu entendimento, a equipe de defesa "teve conversas em referência a um perdão".

Mas Agnifilo disse à CBS News: "Não tenho nada a ver com um possível perdão".

"Não conversei com ninguém", disse Agnifilo. "Não falei com o presidente. Não falei com ninguém que fale com o presidente sobre Sean Combs. Não falei."

Ele diz que também não discutiu o assunto com Combs, exceto para lhe contar o que está nas notícias.

"Ele disse: 'Vá dizer a ele (Sr. Trump) que preciso de perdão'", disse Agnofilo. "'Vá dizer a ele que mereço um perdão'. Foi o que ele disse."